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Entre uma e outra vida, entre a realidade e a ficção, entre ser ou não ser. A melhor escolha é viver o que há de mais real: a imaginação.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Eu sou a pequena.



Sempre fui a queridinha da mamãe, e só. Contra a vontade do meu pai, a menina cresceu. Os resultados não são, apenas, as pernas longas e fininhas. O resultado maior é o que ninguém pode ver, quase ninguém percebe e apenas quem se interessa, valoriza.
Tenho as roupas que meus pais compram, os acessórios que eu quero, os perfumes que eu ganho. Tenho casa pra morar, um celular pra me comunicar e escuto o que eu gosto. Mas sei que tudo isso é pouco, diante da importância de quem me apoia, do medo de perder quem eu amo e da vontade de ser uma ótima profissional.
Eu não estou nem aí para o que todos pensam sobre mim. Eu me preocupo com o que você faz comigo e com você mesmo.
Você que deseja o meu mal, parabéns! Você consegue, por pouco tempo. Enquanto não sofre por consequência dos seus próprios atos.
Você que se preocupa demais com a minha vida, cuidado! Alguém pode estar tirando o que há de mais valioso da sua.
Você que olha no fundo dos meus olhos e mente pra mim, pense mais um pouco. O meu olhar vai muito além do que você imagina.
Você que me engana, obrigada! Como resposta, tenho o desejo sincero de que seja feliz, e vou ganhar muito mais com isso.
Você aí, que se acha a pessoa mais bonita, rica e organizada do mundo, saiba que a beleza da vida está nas coisas simples e na maneira bagunçada como vivemos.
Eu sou imperfeita, eu sei. Eu grito nos corredores da escola, mas sou educada quando preciso.
Eu brinco até com o diretor da escola, mas não abandono minhas tarefas por curtição.
Eu não procuro me comportar em restaurantes. Pra quê? Para causar boa impressão àqueles que colocam o nível financeiro acima de tudo?
Não vou à Igreja quando não estou com vontade. Posso, e muito bem, agradecer e falar com Deus sozinha.
Qual o problema de tirar o salto,se estou cansada? Prefiro eu, e não, etiquetas.
Por que sorrir quando quero fechar a cara? Não preciso disso. Adoro extravasar emoções e não sou político para querer sua aceitação.
Eu prefiro ser essa palhaça, ingênua, birrenta, simples, desocupada, ocupada, bagunceira, determinada, criança, mulher, brinquedo, cantora, chata, errada e certa. Assim, eu convivo, e não só vivo.
Por que não sorrir para as faxineiras da sua escola? Por que não oferecer comida à crianças de rua? Por que não desejar um bom dia aos empregados?  Vivemos em comunidade, ninguém é feliz sozinho. E o que faz de mim essa eterna criança é ser encantada por essa fase, é ser apaixonada por ursos e bonecas, é ter vontade de deitar e rolar com os meus afilhados.
O que faz de mim essa pessoa é ficar, incontestavelmente, feliz com a felicidade dos outros. É desejar que as pessoas se amem, que as pessoas evoluam, que as pessoas vivam.
O meu sorriso depende de tanta coisa... E entre tantas, de certeza, não depende da tristeza alheia. Então, não conspire contra mim. Saiba crescer e aprenda a conviver com os seus próprios atos. Enquanto você fica nesse mundinho pequeno, eu solto altas gargalhadas, eu passo de menina para mulher. E volto a ser criança quando quero.
Então, pra você aí, que tenta me deixar pra baixo: eu sou a pequena maior que existe!

Raíssa Almeida.

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